domingo, setembro 18, 2005

Janelas e caixas abertas
Abri minha caixa de sentimentos
Estava vazia
Não vazia de sentimentos
Mas de sentimentos vazios
que desertam as horas passageiras
e deixam insubstante
a vergonha de ser mundo
A janela aberta
está como asas recolhidas de falcão peregrino
Do tempo respinga interrogações
a torturar a mente cambiante
que entre tantos "antes"
busca o começo de um sentido
para o que não tem fim
Abraço o que meu entendimento alcança
E alcançando-o trago-o junto a mim
para que sinta o bater de minha inquietação
e tome de meu pulso e diga-me se vivo
ou se apenas sou
E tendo "feliz e inconsciente" como diagnóstico
afasta de mim essa desgraça passageira
Só o passar despercebido entre o tardio e o fugaz
expande sem interrupção ser-se o que se é
Não busco glórias do mundo
Basta-me um destino vazio
Nele preencho-me e transbordo-me sem desperdício
o vício de ser nobre como o silêncio

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