sábado, fevereiro 11, 2006

Promissão

Já posso partir
Todos os restos deixados, partidos, pontiagudos,
não sangram mais às mãos destino
Tênue é o pensar com os próprios pensamentos
Aquilatado é o que consumimos enquanto dormimos
os dias de nossa fugaz inteligência

O sangue é meu soro
Em gotas passam-se os dias
Existo porque penso,
Logo, vivo?

Meus sonhos tem janelas
a convidar-me a ver o que sou
correndo lá onde minha liberdade é vento fresco
Emudeço e no silêncio
descrevo-me sem necessitar das palavras

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Espantalho


Os dias correm profundamente azuis
O céu possui asas douradas
E a noite seda negra perfurada de frestas prateadas
Minha periférica visão turvou-se
Não ando, os dias passam
E o tempo esvoaça destemido bando de corvos
Seca garganta rasga minha desinteressada mudez
Sede absorve-me até a última gota que se esgota em orvalho compreensão
Recheados corações de palha
Prontos a arderem ante emoções-tochas
O que me assombra é o além da janela
O que estremece e assola o chão fincado
já tão minguante de pensar é o som do claudicante vazio mental
No vazio, penso
No mental sou pensado