Grilo verde
Minha mãe dizia que encontrar um grilo era um bom sinal. Algo assim como uma esperança para bons acontecimentos. Isso me encheu de reverência pelos saltitantes amigos do bom augúrio.
Décadas passadas, infância distante, hoje não há mais grilos em meu caminho. Há um mundo cinzento lá fora carente de grilos que saltem aos nossos olhos tão cegos de esperança; de esperança verde. Um mundo que restringiu a esperança a uma digitalizada intenção de dois sentidos. Não há como tocar a esperança, apenas vê-la e ouvi-la.
Restaram-me grilos internos, amistosos como reminiscências saltando os dias que passam; um coração verde que trina e pulsa silenciosamente. Restou me desprender e saltar livre dos dedos que, curiosos, querem me fazer crer na bondade de uma curta existência por mais longa que ela seja.
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