domingo, janeiro 06, 2008

Monstro ladino


Ando todos os dias pelo monstro ladino

Onde meus passos pressionam, seguem-me teus olhos

Todas as janelas abertas por dentro da vida

Recitada em portas envelhecidas por aberturas sem ambientes

Anestésica rotina esconde as dores da cirúrgica irrealidade

Esses olhos sem boca e sem brilho

Nada me dizem nas entrelinhas de néons

Apagados, descascados, findos como são findos os últimos raios dos dias

que passam e repassam sem nunca serem os mesmos
Sou refém dessas nuvens aturdidas esfomeadas nuvens


Que me passam e transpassam com esse requentado gosto branco

O monstro segue indiferente rente aos inúmeros passos

Compasso impassível sem apego, sem pegadas

Achei-me na esquina como quem nada acha
Angústia áspera arranha os céus do inerte monstro


De razão oca pelos sonhos silenciosos

Abre a boca e engole sentimentos cimentados

Por ruas e avenidas os pobres coitados formigam

Mal sabem medrados seus passos, pelo monstro foram pisoteados

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