quinta-feira, maio 25, 2006

Transversos

Som transparente
Transpassou translúcido coração
Tão transpassado iniciou-se transformado
Tinham-no coitado
Inverso ficou são

Transpiro inverno
Aí reside minha desdita
Isso é coisa e coisa é dita
Travestida de palavra alheada
Como sou, tanto por mim
Quanto por um quase tanto

Vou chegando ébrio de consciência
Minha paz é ciência no sacro ofício
Em torno de mim, giro
Transfiro a dor até não mais pensar
O quanto flutuo não tenho como pesar
até me transportar além desta inversão

segunda-feira, maio 01, 2006

Verniz

Ao chegar a noite
Descanso na paz de minha inconsciência
Plena de infecundas prepotências
Sonho, ao sonhar que pelos anjos sonhado sou

Por debaixo da soleira da lembrança deixo-me bilhete
Sub-reptício a este sem que eu saiba
Porque no fórum, ainda durmo ante anestesia
Dos dias demarcados em gotas de instantes

Ah, sede de vivo acordar!
Apressar-me à missiva cunho pré-escrito
Cursivo de um alfabeto já coisa
No propósito lento ao entender

Agora que não penso mimeticamente
Percebo que meu coração é alcova
Ante câmaras fechadas às loucuras
Envernizadas do nobre vernáculo “ser”

Ainda não me sei
Mas sei o tanto que portanto me desprezei
Nem por isso sou de fato prefácio
Do que ainda me escreverei