quarta-feira, outubro 19, 2005

As flores que não chegaram

As flores que não chegaram
Você sempre as recebeu
Não porque não as tivesse mandado para ti
Mas porque as arrancava de meu jardim
Mal cuidado e falto de mim
E a cada momento tão perto de tua distância
Não via relevância, sendo eu criança antiga,
deixar cair pétalas desajeitadas
Apostei na fragrância de meu olhar
E só o que pude em minha razão enxergar
Foi ver que tu não me vias
Foi pensar como pode alguém saber o que sinto
Se o que sinto ser amar
Só em mim posso não saber o que realmente sinto
Sem lastro não transponho fronteiras,
não tenho passaporte
Adentro territórios em trajes irrisórios
Que nunca chamarão tua atenção
Mesmo sendo de ouro
Como um cego a procura de roseirais
Tateio os espinhos como se mestre fora capaz
Da mais pura rosa_aquela que te entrego quando dormes_
Deixar ao teu lado envolta em laço d´ouro
Como se a cada dia teu
Em mim fosse aniversário
E as flores não chegaram
Aviso aos navegados

Tua ausência me preenche
Noite dia
Noite agonia
Vejo-te barco afastando
Sumindo ao longe de meu apogeu

Quem sou eu?

Remo partido
Coração navegado
Alma içada
Velas ao vento

Puro relento
É meu entardecer
Faço de conta que não é comigo
Que sinto no umbigo
Este padecer

Ondas me enjoam
Gaivotas me assistem
Navego ego cego
Me dou conta de horizontes a me rodear
Assim que me esqueço
Te lembro e grito:
Sou homem ao mar!